O Senhor o guiará constantemente; satisfará os seus desejos numa terra ressequida pelo sole fortalecerá os seus ossos. Você será como um jardim bem regado, como uma fonte cujas águas nunca faltam. Isaías 58.11
Eclesiastes

Eclesiastes
Autor: Salomão
Data: Cerca de 931 aC
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Esboço de Eclesiastes:

I- Prólogo 1.1-2
a) Identificação do Livro 1.1
b) Resumos das investigações do Pregador 1.2
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II- Estabelecimento do Problema 1.3-11
a) Estabelecimento do problema: Pode-se encontrar algum valor verdadeiro nesta vida? 1.3
b) Exposição do problema: Uma refutação das soluções humanísticas 1.4-11
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III- Tentativas de solução para o problema 1.12-2.26
a) A refutação da razão pura: A sabedoria humana, sozinha, é inútil. 1.12-18
b) O fracasso do hedonismo: O prazer não tem sentido em si mesmo. 2.1-11
c) O fracasso da compensação: O sábio e o tolo encaram um fim comum 2.12-17
d) O fracasso da materialismo. 2.18-26
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IV- Desenvolvimento do tema 3.1 - 6.12
a) Inutilidade dos esforços humanos em mudar a ordem criada. 3.1-15
b) Inutilidade de um fim igual a criaturas desiguais. 3.16-22
c) Inutilidade de um vida oprimida 4.1-3
d) Inutilidade da inveja. 4.4-6
e) Inutilidade de ser sozinho. 4.7-12
f) Inutilidade de uma monarquia hereditária. 4.13-16
g) Inutilidade do fingimento numa religião formal. 5.1-7
h) Inutilidade de sistemas de valores materialistas. 5.8-14
i) Inutilidade de deixar para trás, na morte, os produtos do trabalho 5.15-20
j) Inutilidade da futilidade de uma vida despojada. 6.1-9
l) Inutilidade do determinismo da natureza. 6.10-12
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V- A sabedoria prática e os seus usos. 7.1 - 8.9
a) Provérbios moralizantes sobre vida e morte, bem e mal. 7.1-10
b) A sabedoria e as suas aplicações. 7.11-22
c) Observações sábias variadas. 7-23 - 8.1
d) A sabedoria na corte do rei. 8.2-9
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VI- Um retorno ao tema. 8.10 - 9.18
a) Inutilidade da compensação (novamente) 8.10 - 9.12
... As desigualdades da vida 8:10-15
... Mistérios dos atos de Deus 8:16-9-12
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b) Inutilidade da natureza instável do homem (novamente) 9.13-18
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VII- Mais sobre a sabedoria e seus usos 10.1 - 11.6
a) A excelência da sabedoria 10:1-20
b) Façamos o que é bom no tempo oportuno 11:1-6
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VIII- O único valor é temer a Deus e obedecê-Lo. 11.7 - 12.7
a) O primeiro resumo das conclusões 11.7-10
b) O segundo resumo: alegoria da velhice e morte 12.1-7
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IX- Epílogo: Confirmação da conclusão 12.8-14
a) Resumo das conclusões do Pregador 12.8
b) Resumo das conclusões do pregador através de um discípulo. 12.9-14
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Autor e Data
O nome Eclesiastes deriva do termo grego ekklesia (?assembléia?) e significa ?aqueles que fala a uma assem- bléia?. O termo hebraico correspondente é qohelet, que significa ?aquele que convoca uma assembléia? recebendo muitas vezes a tradução de ?Professor? ou ?Pregador? em outras versões da Bíblia.
Eclesiastes e, geralmente creditado a Salomão (cerca de 971 a 931 aC), escrito em sua velhice. O tom pessimista que impregna o livro talvez seja um efeito do estado espiritual de Salomão na época (ver 1Rs 11). Embora não mencionado em 1Rs, Salomão provavelmente recobrou a consciência antes de morrer, arrependeu-se e voltou-se para Deus. Ec 1.1 parece ser uma referência a Salomão: ?Palavra do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém?. Alusões à sabedoria de Salomão (1.16), à riqueza (2.8), aos servos (2.8), aos prazeres (2.3)e a atividade de edificação estão espalhadas por todo o livro.
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Contexto
O livro evidencia um período em que, para o autor, as soluções tradicionais pras as grandes questões da vida, particularmente para o sentido da vida, perderam a sua relevância. Ao invés de responder estas questões com citações da Escritura, o Pregador introduz uma metodologia baseada na observação e na indução. A sabedoria, quando encontrada em outra literatura sapiencial da Bíblia (Jó, Pv e certos Sl), é sinônimo de virtude e piedade; e sua antítese, a loucura, representa a maldade. No livro de Ec, a palavra ?sabedoria?, às vezes, é usada nesse sentido quando se trata da interpretação israelita tradicional sobre a sabedoria (como em 7.1-8.9; 10.1-11.16). Mas no capítulo de abertura (1.12-18), o autor lida com a sabedoria enquanto o processo de puro pensamento, semelhante à filosofia frega, com questionamento dos valores absolutos. Mesmo sem contestar a existência de Deus, a qual confere sentido à criação, o Pregador está determinado a procurar esse sentido através da sua própria experiência e observação, a fim de poder verificar esse sentido pessoalmente e transmiti-lo aos seus discípulos.
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Conteúdo
O livro de Ec apresenta todos os indícios de ser um ensaio literário cuidadosamente composto que precisa ser compreendido em sua totalidade antes de poder ser entendido em parte. O Conteúdo do livro é definido por versos quase idênticos (1.2; 12.8), que circunscrevem o livro ao antecipar e resumir as conclusões do autor. O tema é definido em 1.3: ?Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol?? Ou, pode a verdadeira sabedoria ser encontrada por um ser humano à parte da revelação de Deus?
A busca do Pregador é por algum tipo de valor (?vantagem) fixo, imutável, que possa ser achado nesta vida (?debaixo do sol?), que possa servir como base de uma vida adequada. O termo hebraico traduzido pro ?vantagem? é yitron (1.3) e também pode ser traduzido por ?ganho?, ?valor?. ?Vaidade? é uma palavra ?chave no livro, traduzida do termo hebraico hebel (lit. ?fôlego?), indicando assim aquilo que é mortal, transitório e efêmero. Tentando cada um dos caminhos propostos pela humanidade para alcançar o valor procurado, ele os acha evasivos (?aflição de espírito?), fugazes e transitórios (?vaidade?).
A ?sabedoria? de 1.12-18 está desprovida de valor verdadeiro. E a resposta também não é encontrada no prazer, na riqueza, em grandes realizações (2.1-11), em um doutrina de compensação (2.12-17) ou no materialismo (2.18-26).
Qual deve ser nossa atitude diante do fato de que nem as realizações nem as coisas materiais são yitron, ou seja, não têm valor permanente? A resposta introduz o tema secundário do livro: devemos desfrutar tanto a vida como também as coisas que Deus nos tem concedido (3.11-12; 5.18-20; 9.7-10), lembrando que, no final, Deus nos julgará pelo modo como fizemos isso (11.7-10)
Mesmo a própria vida humana, em qualquer sentido humanista, secular, não pode ser considerada como o yitron que o Pregador procura. Mesmo a relação de vida e morte é um tema subordinado no livro.
Mas retomando à busca principal do Pregador: será que essa busca está destinada a terminar (12.8) como começou (1.2), numa nota de desespero? A constante investigação do Pregador por um sentido para toda a existência demonstra que ele é um otimista, não um pessimista, e o seu fracasso em descobrir algum valor absoluto, permanente, nesta vida (?debaixo do sol?), não significa que a sua busca seja um fracasso. Ao contrário, ele se acha forçado (pela observação de Deus pôs ordem no universo quando este foi criado, 3.1-14) a buscar o valor que tanto procura no mundo do porvir (não ?debaixo do sol?, mas ?acima do sol?, por assim dizer). Embora não afirme isso especificamente, a lógica que envolve toda a sua busca compele a encontrar o único verdadeiro yitron no temor (reverência) e na obediência a Deus (11.7-12.7). Isso é afirmado no epílogo: o dever de toda a humanidade é a reverência a Deus e o cumprimento dos seus mandamentos (12.13). Isso precisa acontecer, mesmo que durante esta vida não haja justiça verdadeira , pois Deus, no fim, trará a juízo tudo o que existe (11.9; 12.14). Com esta observação profunda o livro termina.
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O Espírito Santo em Ação
Toda as referencias ao ?espírito? em Ec são referentes à força vital que anima o ser humano ou o animal (ver 3.18-21). Apesar disso, o livro antecipa alguns dos problemas enfrentados pelo apóstolo Paulo na implementação de dons espirituais em 1Co 12-14. As pessoas que acreditam que Deus lhes fale através do ES em sonhos e visões (Jl 2.28-32; At 2.17-21) agiriam bem se prestassem atenção na sábia advertência do Pregador de que nem todo sonho é voz de Deus (5.3). Paulo aparenta ter isso em mente ao falar sobre os dons de línguas e profecias em 1Co 14.9, aconselhando uma manifestação ordenada, seguida de um julgamento da assembléia sobre a declaração. Da mesma forma, a ênfase do Pregador na reverência e na obediência a Deus é paralela à preocupação de Paulo com a edificação da igreja (1Co 14.5). Os verdadeiros dons espirituais? manifestações genuínas de ações ou expressões miraculosas? acontecem em espírito de reverência pra a glória de Deus através de Cristo e para a edificação dos crentes.

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